Este resumo foi apresentado no 3º Simpósio de gestão ambiental e biodiversidade da ufrrj-itr ( http://sigabi.yolasite.com)
Fragmentação Florestal:
análise quantitativa para o Município de Paraíba do Sul, RJ.
João Flávio Costa dos SANTOS1*, Mateus dos REIS1, Emanuel José Gomes de ARAÚJO2
1Discente em Engenharia Florestal,
Instituto de Florestas, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro,
2Docente do Departamento de
Silvicultura, Instituto de Florestas, Universidade Federal Rural do Rio de
Janeiro.*joaoflaviops@hotmail.com
Introdução
A mata atlântica
apresenta-se hoje como um mosaico de vegetação [1]. Para o Vale do Paraíba, onde
se insere o município de Paraíba do Sul, os ciclos do ouro e principalmente o
do café legaram um quadro ambiental de degradação [2].
A fragmentação florestal
pode ser estudada pela Ecologia da Paisagem a qual utiliza feições espaciais,
observáveis e mensuráveis, para caracterizar as condições, desenvolvimento e mudança
temporal dos fragmentos florestais [3].
O
objetivo deste trabalho foi analisar métricas da paisagem de fragmentos
florestais no município de Paraíba do Sul, RJ.
Metodologia
Para análise dos
parâmetros de ecologia da paisagem utilizou-se o arquivo dos remanescentes
florestais, em formato Shapefile, adquirido
no site da Fundação SOS Mata Atlântica (ano base: 2012). Os índices da paisagem
para os fragmentos foram obtidos por meio da extensão gratuita Patch Analyst do software ArcGIS 10.1 . As seguintes métricas da paisagem foram
calculadas: tamanho; índice de borda; área central e forma dos fragmentos
[1,2].
Os fragmentos foram classificados
conforme a área (A) ocupada. Para isso,
adotou-se os critérios: fragmentos muito pequenos (A < 5 ha); fragmentos
pequenos (5 ha ≤ A < 10 ha);
fragmentos médios (10 ha ≤ A < 100) e fragmentos grandes (A > 100
ha) [1]. A classificação foi realizada no software ArcGIS 10.1, com a
ferramenta Select by attributes.
Resultados e Discussão
No município de
Paraíba do Sul resta cerca de 7% de área florestada (4.360 hectares)
distribuída em 212 fragmentos. O maior fragmento possui 279 hectares e está
localizado em Engenheiro Carvalhais nas coordenadas centrais -22.091684,
-43.388815 (23S). A classe de fragmentos médios representou 54,5% do total (111).
Apenas 4 fragmentos florestais foram classificados como grandes (1,9%),
entretanto correspondem a 16,7% da área total florestada (730 ha). Os 61 fragmentos
classificados como pequenos representam 10,4% (453,8 ha). Os fragmentos muito
pequenos e pequenos representam apenas 13,2% da área total florestada, mesmo
somando 97 fragmentos nas referidas classes.
A classe dos fragmentos muito
pequenos apresentou o menor índice de borda (29.054,4 m) enquanto que
fragmentos médios tiveram o maior índice (346.489,5 m). Quando comparadas, a
classe de fragmentos grandes possui menor quantidade total de borda (47.577,2 m)
que os fragmentos pequenos (68.229,4m). No entanto, a contribuição em área
total dos fragmentos grandes é superior aos
pequenos.
Considerando 30 m a
partir da borda, a área central é 50,48 ha para classe dos fragmentos muito
pequenos, 195,69 ha para pequenos, 2134,87 ha para médios e 589,72 ha para
grandes. O índice de área central foi de 39,35% para fragmentos muito pequenos,
ou seja, 60,65% da área desta classe estariam sob efeito de borda. Pode-se
constatar que fragmentos maiores sofrem menor influência da borda, através dos
índices 48,48%, 68,00% e 82,56% para as classes de fragmentos pequenos, médios
e grandes, respectivamente.
Os valores de índice
de forma revelaram que os fragmentos muito pequenos e pequenos apresentaram
formato mais regular (1,29 e 1,34, respectivamente) quando comparados aos
fragmentos médios e grandes (1,62 e 2,48, respectivamente). O índice de forma seria 1 se todas as manchas
tivessem formas circulares. À medida que a irregularidade da forma cresce o
valor do índice aumenta [1,2]. No entanto, mesmo apresentando formatos mais
irregulares, os fragmentos maiores estão sob menor efeito de borda que os
menores, visto que apresentam uma relação borda/área melhor, isto é a proporção
de área é superior a de borda.
Conclusões
Em
Paraíba do Sul existem 212 fragmentos florestais cobrindo 7% do território
municipal. De forma geral, possuem área reduzida e estão sob intenso efeito de
borda. Apenas 4 fragmentos tem área superior a 100ha, sendo estes prioritários
para a conservação.
Referências Bibliográficas
[1] Juvanhol, R.S.; Fiedler, N.C.; Santos,
R.A; Prirovani, et al. Análise
Espacial de Fragmentos Florestais: Caso dos Parques Estaduais de Forno Grande e
Pedra Azul, Estado do Espírito Santo. Floresta
e Ambiente, 2011. Ago 18(4):353-364.
[2] Silva, V.V. Médio Vale do Paraíba do Sul: Fragmentação e Vulnerabilidade dos
Remanescentes de Mata Atlântica 2002. 123f. Dissertação (Mestrado em
Ciência Ambiental) – UFF, Niterói.
[3]Turner, M.
G. & Gardner, R.H., eds 1990. Quantitative
methods in landscape ecology: the analysis and interpretation of landscape
heterogeneity. New York: Springer-Verlag, in press. 416-442.
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