sábado, 7 de setembro de 2019

Os incêndios florestais são um grande desafio para a regeneração natural da Mata Atlântica


A área original do domínio da Mata Atlântica está bastante alterada após vários ciclos de ocupação e exploração econômica. Por outro lado, em algumas áreas desse bioma, as taxas de desmatamento estão diminuindo ou mesmo zerando e já é possível observar a regeneração das formações florestais. O uso do fogo como prática agropastoril, contudo, ainda é muito comum, e é um dos desafios na conservação e restauração da floresta Atlântica.
O objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos do fogo na dinâmica da floresta em uma área do domínio da Mata Atlântica. A área estudada foi explorada durante o ciclo do café, sendo as florestas primárias substituídas pelas plantações. Para analisar a dinâmica florestal foram utilizadas informações temáticas da carta topográfica 1:50.000, ano de 1966, e de fotointerpretação dos sensores TM/Landsat 5 no ano de 1985 e OLI/Landsat 8 em 2016. A partir do banco de dados de queimadas do INPE foram levantadas as ocorrências de focos de calor de 1998 a 2016. Nesse período os anos de 2002 e 2014 foram os mais afetados pelas queimadas e por isso foram selecionados para identificação das cicatrizes de queimadas por meio do índice espectral Normalized Burn Ratio. A partir desse conjunto de informações, foi utilizada a metodologia dos pesos de evidencia para relacionar a dinâmica florestal e as queimadas com variáveis ambientais (distância à fragmentos florestais e rios), topográficas (elevação, índice de posição topográfica, inclinação, face de orientação e radiação solar global) e antrópicas (distância às áreas urbanas, estradas e rodovias). Em 1966 a área florestal representava 8,01% da cobertura da terra e, em 2016, esse número passou para 18,55% em função do processo de regeneração natural. As áreas em regeneração relacionaram-se principalmente à proximidade dos fragmentos remanescentes e às porções da paisagem que recebem menor quantidade de radiação solar global. A proximidade às áreas urbanas, estradas e rodovias, prejudicou a regeneração e favoreceu tanto o desmatamento quanto a ocorrência de queimadas/incêndios. As cicatrizes de queimadas ocorrem preferencialmente onde há maior exposição solar. Dessa forma, é possível observar um comportamento antagônico entre o processo de regeneração natural e as cicatrizes de queimadas. Conclui-se que o fogo é um dos fatores que atuam na modelagem da paisagem da região ao passo que retarda o processo de regeneração em áreas preferenciais.

Palavras Chave – Dinâmica Florestal, Incêndios Florestais, Pesos de Evidências, Sensoriamento Remoto.


Para leitura completa utilize o link disponibilizado pelo INPE.

SANTOS, J. F. C; GLERIANI; J. M.; VELLOSO, S. G. S.; SOUZA, G. S. A.; AMARAL, C. H.; TORRES, F. T. P.; MEDEIROS, N. G; REIS, M. Wildfires as a major challenge for natural regeneration in Atlantic Forest. Science of the Total Environment 650 (2019) 809–821.  https://doi.org/10.1016/j.scitotenv.2018.09.016



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