quinta-feira, 17 de maio de 2012

Morfologia externa de Caules.

            Nos vegetais, a  estrutura responsável pela conexão entre as raízes e as folhas é o caule. Este órgão o qual tem  origem a partir do caulículo (epicótilo) do embrião. Trata-se do órgão da planta que fornece o suporte mecânico para folhas, flores e frutos sendo também ,responsável pela disposição destas partes no vegetal. É importante mencionar que esta distribuição não é ao acaso; o material genético é quem dita a arquitetura das plantas  de modo que as folhas recebam luz para  realizarem fotossíntese , as flores estejam em locais onde possam ser polinizadas e as sementes dispersas.
A morfologia interna do caule revela um sistema de vasos que promovem o transporte ascendente de água e sais minerais até as folhas e a coleta e a distribuição dos produtos orgânicos ao longo do corpo da planta. Alguns tipos especiais de caule podem atuar como fonte de reserva, realizar fotossíntese  ou ainda participar na propagação vegetativa da planta.
Ao longo de um caule existem regiões denominadas nós, locais que possuem gemas laterais das quais emergem folhas, ramos ou flores. A região entre dois nós é denominada entrenó. Como veremos mais adiante, em alguns tipos morfológicos essas estruturas são bem visíveis. No ápice do caule encontra se a gema apical, responsável pelo crescimento vertical do vegetal. A presença de gemas é notoriamente uma grande diferença entre caule e raiz.

Dois sistemas de ramificação podem ser observados:

No sistema monopodial é possível identificar uma única gema apical mais desenvolvida e as gemas laterais distribuídas ao longo de um eixo principal, formando dessa forma, uma estrutura que lembra um cone. Já no sistema simpodial, a diferenciação entre gemas laterais e apical não é possível uma vez que a gema apical perde sua dominâcia.
Sistema Monopodial em Araucaria angustifolia
 Sistema Simpodial em Caesalpinia ferrea

Caules podem ser herbáceos quando tratamos de ervas, sublenhosos referindo-se a subarbustos ou Lenhosos  para árvores de grande porte.
Quanto ao habitat podem ser classificados em aéreos, subterrâneos ou aquáticos.
Caules aéreos:

Tronco - caule ramificado no ápice, resistente, robusto e lenhoso, típico das plantas arbóreas. Um tipo especial de tronco é o que ocorre, por exemplo, nas Paineiras (Chorisia speciosa) , o tronco suculento que apresenta- se intumescido pelo acúmulo de água.

 Tronco em Chorisia speciosa
Estipe - caule cilíndrico, nós e entre nós bem demarcados, sem ramificações laterais e dotado de coroa de  folhas situadas no ápice, como nas palmeiras;

Colmo - caule com nós nítidos e entre nós, formando os populares gomos, como no bambu e na cana-de-açúcar. Quando o colmo é preenchido ele é dito cheio, caso contrário, como acontece nos bambus, ele é vazio ou fistuloso.

Haste -  Caule delicado e flexível por apresentar um pequeno diâmetro, comum em plantas herbáceas, geralmente é clorofilado e não lignificado.

Entre os caules rastejantes ( não tem capacidade de sustentação), destacam-se:

Estolonífero ou estolão: caule que cresce paralelamente à superfície do solo formando raízes adventícias e ramos aéreos em nós consecutivos, em nós intercalados ou, às vezes, vemos vários nós e entrenós sem que as raízes e ramos se formem. Este tipo de caule pode servir à reprodução vegetativa da planta, e de cada nó pode  desenvolver uma nova planta, que finalmente se torna independente. Exemplo: morangueiro (Fragaria vesca - Rosaceae).

 Sarmentoso ou prostrado: é o cale que cresce paralelamente ao solo, mas ao contrário do que acontece com estolão, possui somente um ponto de enraizamento. Ex Abóbora
(Cucurbita pepo - Cucurbitaceae).

Caule Volúvel: Esse caule depende de um suporte no qual se enrola e o vegetal consegue crescer.

Caules subterrâneos: uma das funções primárias do caule é a de expor as folhas à luz, mas isso não ocorro com os caules subterrâneos e portanto, podem ser considerados formas incomuns de caule. Esse tipo de caule geralmente está associado às funções de armazenamento de reservas e formas de propagação vegetativa além de servirem para garantir a vida da planta quando as partes aéreas não sobrevivem, quer pelo frio, seca ou queimada. Segue abaixo alguns tipos de caules subterrâneos.

Tubérculo - caules que armazenam substâncias nutritivas, como a batata inglesa; os populares "olhos" da batata são gemas laterais, fato que determina sua natureza caulinar.

Rizoma- caule alongado mais ou menos cilíndrico, com folhas modificadas em catafilos. Normalmente se desenvolve de maneira paralela à superfície terrestre. O rizoma apresenta todas as características de um sistema caulinar comum: nós, entrenós e gemas além de habitualmente formar raízes adventícias. Exemplo: bananeira (Musa paradisiaca, Musaceae), lírio-do-brejo (Hedychium ronarium - Zingiberaceae) e espada-de-São-Jorge (Sanseviera trifasciata - Liliaceae).
                                                     Rizoma em Musa paradisiaca

Bulbo - sistema caulinar comprimido verticalmente, onde o caule propriamente dito é reduzido a um “disco basal” do qual partem muitos catafilos (folhas midificadas) densamente dispostos, os mais externos secos e os mais internos suculentos. Em plantas como a cebola (Allium cepa - Liliaceae) o caule propriamente dito corresponde a uma região chamada de prato, de onde partem as raízes e um conjunto de catáfilos sendo que os mais extensos são desidratados, enquanto os mais internos acumulam substâncias nutritivas e constituem a porção comestível da cebola. No alho (Allium sativus -Liliaceae) o bulbo é composto de bulbos menores e cada um deles com a mesma estrutura básica. O lírio-japonês (Lilium longiflorum - Liliaceae) possui um bulbo composto por catáfilos derivados de folhas internas que não se dispõem concentricamente. Trata-se do bulbo escamoso.
                                                                                           
Modificações e adaptações caulinares:

Rizóforo: O rizóforo é um tipo de caule com crescimento vertical orientado para cima (geotropismo positivo), produzido por algumas plantas além do seu eixo caulinar "normal". Um sistema de rizóforos pode auxiliar a sustentação ou estabilização da planta, ou aumentar a capacidade de exploração do solo adjacente. As árvores de manguezal, particularmente o mangue-vermelho Rhizophora Mangle, formam rizóforos aéreos (não-subterrâneos) que crescem com geotropismo positivo, e em contato com o solo pantanoso do manguezal produzem raízes adventícias que constituem um eficiente sistema de sustentação em um ambiente instável, alagadiço. Saiba mais
Rizóforo em Rhizophora Mangle (Fonte:Bio Digital )

Cladódio: caules laminares que assumem o aspecto de folhas e realizam fotossíntese, apresentam crescimento contínuo pois possuem gema apical ,podendo eventualmente agir como órgão de reserva de água (Ex.: alguns cactos).

São exemplos de modificações caulinares:

Espinhos caulinares: são estruturas caulinares transformadas para a função de defesa contra a predação. Originam-se a partir de  gemas que se desenvolvem em ramos curtos e pontiagudos e por isso se encontram sempre nas axilas das folhas. Ex.: limoeiro (Citrus sp). Alguns espinhos possuem origem foliar (ex: espinhos de Cactaceae).

 Acúleos:  é comum nos depararmos com a expressão “espinhos” de roseira e paineira, mas nestes casos não se tratam espinhos verdadeiros, mas sim projeções epidérmicas sem vascularização, portanto são acúleos.

Gavinhas: são estruturas caulinares que se enrolam e servem como suporte e fixação para trepadeiras. São sensíveis ao contato. Ex.: maracujá (Passiflora spp).  Podem também ter origem foliar e mais raramente a partir da raiz.

Domácias: quaisquer modificações estruturais do caule (ou da folha), que permitam o alojamento regular de animais. Ex.: O caule oco da embaúba (Cecropia  spp.) que é habitado por formigas.

6 comentários:

  1. oi tudo bom sou estudante de engº Florestal estou com um trabalho para apresentar da família das liliaceae no sistema de engler e cronquist vc tem algum material que possa m ajudar?

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  2. Olá, tudo bom Jéssica? Sugiro os sites: http://herbarivirtual.uib.es/cas-uv/familia/2388.html ; http://www.uc.pt/herbario_digital/Flora_PT/Familias/liliaceae; e http://www.botany.hawaii.edu/faculty/carr/lili.htm. Espero que te ajude.

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  4. Vc sugere que material para identificação de árvores nativas? ? Att
    Parabéns pelo blog

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  5. Vc sugere que material para identificação de árvores nativas? ? Att
    Parabéns pelo blog

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    1. Olá, Muito obrigado pela visita.
      Para identificar arvores primeiramente é necessário um bom conhecimento em Botânica e Dendrologia (https://www.editoraufv.com.br/produto/1589850/botanica-organografia); também em Taxonomia; Livros da Série Arvores Brasileiras (Lorenzi - Plantarum); e Espécies Arbóreas Brasileiras (Paulo Ernani Ramalho Carvalho - Embrapa) Ajudam bastante. Mas para aprender mesmo, a melhor maneira é ir pro mato e levar o material vegetal para comparar nos herbários, e praticar bastante. Tem algumas dicas nesta postagem : http://matoecia.blogspot.com.br/2012/05/identificacao-dendrologica.html Qualquer dúvida estou à disposição.

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