domingo, 6 de novembro de 2011

Morfologia externa de Raizes

      As raízes são órgãos vegetativos, geralmente subterrâneos, responsáveis pela fixação mecânica dos vegetais ao substrato. Elas têm como função fisiológica principal a absorção de água e sais minerais essenciais ao desenvolvimento da planta.  Alguns tipos, em especial, podem ainda armazenar reservas nutritivas ou ter função de aeração.
No interior da semente existe um embrião composto pelo eixo hipocótilo-radicular, no qual em estão os cotilédones e a plúmula (primórdio caulinar) em sua parte superior, e a radícula parte inferior.
Ao início da atividade metabólica na semente, caracterizando o processo de germinação, a radícula é a primeira estrutura que se distende por alongamento e divisão de suas células formando a raiz primária.
          Uma raiz é Adventícia quando se origina de outras estruturas que não da radícula ou da raiz primária; pode ser a partir do hipocótilo, do colo, de caules ou de ramos.

Caracterização geral de uma raiz
De dentro do solo para fora encontramos as seguintes estruturas em uma raiz típica (Figura 1):

1 Coifa ou Caliptra: trata-se de um tecido de revestimento no ápice da raiz, protegendo o meristema apical. É responsável por “abrir caminho” para a raiz.

2 Zona lisa ou de crescimento: área logo acima da coifa, onde as células se alongam promovendo o crescimento longitudinal da raiz.Essa região carece de pelos absorventes.

3 Zona pilífera: Região onde estão dispostos os pelos radiculares absorventes, 
responsáveis pela absorção de água e sai minerais. Anatomicamente, os pelos são células epidérmicas que se alongam.,

4 Zona de ramificação (suberosa): Região onde são formadas as ramificações  laterais responsáveis pela fixação ao substrato. As raízes laterais aumentam a superfície de contato e consequentemente o vegetal tem maior disponibilidade de água e sais minerais. As raízes laterais não pode ser denominadas de raízes secundárias, visto que esta designação é aplicada ao estágio de desenvolvimento da raiz.

5 Colo: região de transição entre o caule e a raiz; trata-se de uma demarcação externa, às vezes, quase imperceptível entre o hipocótilo e a radícula nas plântulas em início de germinação.




Figura 01. Partes de uma raiz típica.


Existem basicamente 2 tipos  de organização do sistema radicular de plantas terrestres.

Sistema radicular pivotante ou axial : Apresenta uma raiz principal mais evidente e mais desenvolvida da qual partem de maneira perpendicular as raízes laterais (Figura 02 A)

Sistema radicular fasciculado ou em cabeleira:  ao contrário do sistema anterior não é possível a distinção entre raiz principal e raízes laterais. É composto por raízes adventícias, com origem em vários meristemas. (Figura 02 B) Esse tipo de sistema radicular, característico de monocotiledôneas é adequado para proteção e recuperação de encostas. A cabeleira forma um emaranhado de raízes (não profundas) impedindo a ação direta de agentes de intemperismo,diminuindo significativamente a erosão.

Figura 02. Sistemas radiculares pivotante (A) e fasciculado (B)


Tipos especiais de sistemas radiculares:

Raízes tuberosas: São raízes que armazenam substâncias nutritivas como o amido, por exemplo. As raízes de reserva são comuns em plantas de  regiões secas ou com invernos rigorosos. É o caso da cenoura (Daucus carota, Apiaceae) uma raiz principal e da batata doce (Ipomoea batatas, Convolvulaceae) uma raiz lateral.

Raiz grampiforme : São raízes que permitem a fixação do vegetal em locais íngremes  como muros ou árvores. São exemplos a hera (Hedera helix – Araliaceae) e a hera-miúda (Fícus repens - Moraceae).
Figura 03. Raízes grampiformes.

Raiz escora: quando a copa da árvore alcança grande desenvolvimento, numerosas raízes adventícias começam a formar-se a partir dos ramos laterais e, ao atingirem o chão, penetram no solo, ramificam-se e começam a apresentar um crescimento em espessura tão acentuado de sua parte aérea que logo se confundem com o caule. Essas raízes também assumem a função de caule, isto é, passam a auxiliar na condução da água e sais minerais do solo até a copa


  Figura 04. Raiz escora em Pandanus sp.

Raiz tabular: recebem este nome  por lembrarem  tábuas ou pranchas verticais, dispostas radialmente em torno da base do caule. Têm a função de aumentar a base de apoio de plantas de grande porte, auxiliando no equilíbrio e na sustentação do tronco, além de aumentarem a superfície de aeração. Essas raízes tabulares são variações das raízes suporte e encontradas em algumas grandes árvores das florestas tropicais úmidas como, por exemplo, figueiras (Ficus sp., Moraceae) e sumaúna. 
Figura 05. Raiz tabular  (Sapopemas) em Ceiba pentandra (Linn.) Gaertn.


Raiz estrangulante:  são raízes que ,conforme o nome indica, estrangulam  um outro vegetal. É o que acontece, por exemplo, nas figueiras conhecidas como mata-pau (Fícus sp. - Moraceae). Elas  iniciam sua vida como epífitas e são formadas inúmeras raízes adventícias que envolvem o tronco da planta hospedeira, como um denso sistema radicular. Essas raízes crescem em direção ao solo e, ao atingi-lo, ramificam-se e começam a crescer em espessura, especialmente nas partes aéreas. Durante os primeiros anos a hospedeira e a epífita convivem bem, mas ao mesmo tempo em que as raízes da epífita vão se espessando, o caule da planta hospedeira também começa a espessar-se, até o momento em que este crescimento começa a ser dificultado.
                                        Figura 06. Raiz estrangulante do Mata pau (Ficus sp.)

Raiz sugadora ou haustório: Característica de plantas parasitas. Trata-se  de uma modificação das raízes a fim de que penetram no interior dos tecidos da planta hospedeira para absorver  água e nutrientes.
            Existem dois casos especiais de parasitismo: Quando as raízes sugadoras alcançam o floema (necessitam de seiva elaborada) são Holoparasitas. Plantas holoparasitas geram mente são desprovidas de clorofila e portanto não realizam fotossíntese, esse é o caso do cipó-chumbo (Cuscuta racemosa- Convolvulaceae). Caso  a raiz alcance apenas o tecido mais externo , o xilema, o vegetal é dito Hemiparasita. Ex: Erva de passarinho (Struthanthus flexicaulis - Loranthaceae).

Pneumatóforos : são raízes que emitem ramificações verticais ascendentes, de geotropismo negativo, que crescem para fora do solo encharcado dos mangues e pântanos como, por exemplo, (Rhizophora mangle -Rhizophoraceae). Essas raízes apresentam estruturas de aeração, semelhantes às lenticelas do caule, denominadas pneumatódios, que auxiliam a planta na obtenção do oxigênio atmosférico, tão escasso no solo encharcado.

Estruturas especializadas

Gavinhas: as raízes transformam-se em estruturas de fixação semelhantes a uma mola. Enrolam-se ao tocar em um suporte porque são sensíveis ao estímulo do contato. Exemplo: (Vanilla sp. -Orchidaceae).

Espinhos: em algumas buritiranas (Arecaceae) as raízes podem transformar-se em espinhos. Vale a pena lembrar que o espinho é uma estrutura complexa, um órgão modificado (raiz, caule ou folha) e que, portanto, apresenta tecido de revestimento, sustentação e até mesmo vascularização própria, enquanto o acúleo das roseiras é apenas uma formação epidérmica.

Micorrizas: relação simbiótica entre certas raízes e os fungos, sendo comum em várias plantas, principalmente em espécies de florestas úmidas ou em orquídeas. As micorrizas desempenham um papel extremamente importante aumentando a absorção de fósforo e outros minerais essenciais às plantas. Podem ser ectotróficas ou ectomicorrizas, quando as hifas do fungo envolvem externamente a raiz, ficando apenas entre as células epidérmicas e corticais, sem penetrá-las, ou endotróficas ou endomicorrizas, quando as hifas do fungo efetivamente penetram as células corticais da raiz, através de suas paredes. As orquídeas e muitas espécies saprófitas apresentam micorrizas em suas raízes.

Nódulos radiculares: aparecem nas raízes de muitas plantas da família Leguminosae ou Fabaceae, como conseqüência da infestação por bactérias fixadoras de N2 atmosférico. Essas bactérias penetram na raiz por meio dos pelos radiculares, passam até as células corticais, multiplicam-se e estimulam tais células a se dividirem, formando assim o nódulo. As bactérias são responsáveis pelo processo de fixação do nitrogênio, isto é, transformam o N2 (gás) disponível no solo para NH4+ (nitrato), que é a forma em que o nitrogênio é utilizável pelas plantas. Trata-se, portanto, de uma associação simbiótica de grande importância adaptativa para as plantas que a apresentam, pois lhe permite obter nitrogênio (via atividade bacteriana) em solos pobres neste nutriente essencial.

Velame: é das adaptações morfológicas mais notáveis das epífitas. As raízes destas plantas são aéreas e portanto, clorofiladas.Mas é na epiderme radicular que se encontra uma maior diferenciação: ao contrário das raízes primárias subterrâneas, a epiderme é múltipla, ou seja, possui várias camadas (pluriestratificação).Esta cama da múltipla de células tem a função de acumular a água da umidade atmosférica ou da superfície do hospedeiro. Comum em Orchidaceae.

Raiz aérea – é a raiz de uma planta epífita, que vive sobre outras plantas, sem parasitá-las, . As raízes partem do caule e se dirigem verticalmente para o solo, podem atingir a alguns metros, são muito resistentes e frequentemente usadas como cipós. Quando as raízes atingem o solo, penetram nele e se ramificam, antes disso a ramificação dificilmente acontece, a não ser que a ponta tenha sido quebrada.

Raiz aquática – é a raiz que se forma abaixo da lâmina d’água, que serve para flutuação e para a respiração da planta.

7 comentários:

  1. Wow... Ótimo post. =)!!! Faltou um toque de anatomia aí pra ficar completo... hahahah! zoa xD~~

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  2. Obrigado. Realmente está faltando a Organização Anatômica da Raiz. Mas a intenção é, em breve, postar a anatomia dos órgãos vegetais também. Abraço.

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  3. Sou estudante de Biologia, e a sua postagem está me ajudando a estudar para Morfologia Ext. de Fanerógamas. Adorei sua postagem! Legal saber que existem estudantes da Rural que passam informações por blog!

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    1. Olá Livia, muito obrigado. Que Bom saber que o blog está sendo ùtil.Quando a gente repassa o pouco que sabe acaba por aprender mais um pouco. Abraço.

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  4. Obrigada, me ajudou bastante. Abraço!!

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. Boa noite, obrigada , ajudou bastante , mas gostaria de algum mais específico sobre raízes aéreas.

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